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Empresas devem antecipar investimentos

Para analistas, preço do dinheiro deixa de ser obstáculo às inversões

Fonte: Valor EconômicoTags: empresas

A redução do custo do investimento anunciada ontem pelo governo é de fato significativa, trazendo os juros para níveis realmente baixos para os padrões brasileiros, dizem economistas e representantes da indústria. Com a diminuição das taxas cobradas nos empréstimos para compra e produção e bens de capital, o preço do dinheiro não deve ser um obstáculo para quem pretende investir na modernização e ampliação da capacidade produtiva. A expectativa, porém, não é de uma explosão das inversões no segundo semestre. As perspectivas para a economia global seguem ruins, o que é ruim para setores exportadores, e a capacidade ociosa da indústria segue elevada.

"Quem tiver acesso aos recursos do BNDES não poderá reclamar que o custo do investimento ainda está elevado", diz Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES no governo Fernando Henrique Cardoso. O que pode ocorrer, segundo ele, é que algumas empresas continuem sem acesso aos recursos, pela questão da falta de capilaridade do BNDES e da falta de interesse de alguns bancos privados em repassar os recursos do banco estatal. Os juros que serão cobrados até o fim do ano, porém, são realmente atrativos, especialmente para os níveis historicamente observados no país, diz Mendonça de Barros.

O custo do financiamento para aquisição e produção de bens de capital caiu de 10,5% para 4,5% ao ano. Para ele, alguns países têm juros menores para o investimento, mas as taxas anunciadas pelo BNDES são interessantes. Na comparação com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado nos 12 meses até maio, de 5,2%, as taxas para essas linhas são negativas, descontada a inflação.

Com o agravamento da crise a partir de setembro do ano passado, a produção de bens de capital despencou abruptamente, como mostra um estudo da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). Em sete meses, de setembro de 2008 a março deste ano, a fabricação desses bens caiu nada menos que 31,4%, um tombo significativo num curto espaço de tempo. Em abril, houve uma ligeira recuperação. O estudo compara o desempenho da produção de bens de capital com outras cinco crises anteriores (a do México, em 1994, a da Ásia, de 1997, a da Rússia, em 1998, a do apagão e da Argentina, em 2001, e a da temor da transição do governo FHC para o governo Lula, em 2002). Na do México, a fabricação desses produtos chegou a cair 32,5% em relação ao começo da turbulência, em dezembro de 1994, mas o fundo do poço demorou mais para ser atingido - 13 meses.

O presidente da Abdib, Paulo Godoy, diz que as medidas anunciadas pelo governo "estão na direção correta", citando não apenas a queda dos juros como também a desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de bens de capital. "É uma medida importante, porque o país é um dos únicos países do mundo que tributam o investimento." Ele é cauteloso, porém, ao falar das perspectivas para o segmento de bens de capital no segundo semestre. Setores da economia que dependem mais do mercado interno podem retomar algum investimento para aproveitar o custo mais baixo que vai vigorar até o fim do ano, avalia Godoy. No caso de setores exportadores, a situação é mais desanimadora, porque as perspectivas para a economia global continuam nebulosas. Outra questão é que as medidas são transitórias - valem até o fim do ano.

O diretor titular do Departamento de Economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini, também gostou das medidas. A redução dos juros é significativa, levando as taxas cobradas em empréstimos e financiamentos para níveis que não eram vistos no Brasil em muito tempo, talvez desde os anos 80, diz Francini - a inflação alta na época torna difícil a comparação. Ele destaca ainda o Fundo Garantidor de Investimentos (FGI), que pode facilitar a vida das micro e pequenas empresas. "As medidas estão na direção correta, embora haja algumas dúvidas sobre como vai ocorrer a operacionalização de algumas delas", diz ele. Segundo Francini, ainda há incertezas sobre os mecanismos de equalização dos juros por parte da União nos empréstimos para a aquisição e produção de bens de capitais e para inovação.

Francini lembra ainda que, apesar das bem-vindas reduções dos juros e da desoneração do IPI, ainda há impostos que incidem sobre bens de capital, com o PIS/Cofins e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). "Esses tributos elevam em mais de 20% o valor de compra desse bem", afirma ele, que acredita num impacto positivo sobre o setor. "Mas é algo muito difícil de mensurar."

Mendonça de Barros diz que não se deve esperar uma forte retomada do investimento, por causa da capacidade ociosa que existe no Brasil e no mundo. Ainda assim, é possível que as empresas aproveitem para aumentar a eficiência e a produtividade, o que é bastante positivo, avalia ele.