• Conheça nosso jeito de fazer contabilidade

    Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Vestibulum sit amet maximus nisl. Aliquam eu metus elit. Suspendisse euismod efficitur augue sit amet varius. Nam euismod consectetur dolor et pellentesque. Ut scelerisque auctor nisl ac lacinia. Sed dictum tincidunt nunc, et rhoncus elit

    Entenda como fazemos...

Notícia

A crise e as mudanças no clima

Nos últimos cinco anos, a maior preocupação ambiental mundial esteve relacionada às possíveis mudanças climáticas causadas pela emissão de gases efeito estufa (GEE

Autor: Pedro Moura CostaFonte: EstadãoTags: mudanças no clima

Nos últimos cinco anos, a maior preocupação ambiental mundial esteve relacionada às possíveis mudanças climáticas causadas pela emissão de gases efeito estufa (GEE). O ex-primeiro ministro britânico, Tony Blair, referiu-se à possibilidade de mudanças climáticas como uma ameaça muito mais grave do que aquela ligada ao terrorismo. O combate à ameaça climática se inseriu em campanhas eleitorais, planos de investimento e metas governamentais em grande parte dos países industrializados.

Uma das estratégias mais efetivas para evitar mudanças climáticas é o uso de mecanismos de mercado para controlar e reduzir emissões de GEE. Através da imposição de limites de emissão, governos conseguem estabelecer uma demanda por créditos de carbono que, por sua vez, levam a investimentos em atividades que reduzem emissões. Na Europa foi criado em 2005 o maior sistema de comércio de emissões do mundo, e os setores industriais hoje transacionam entre si em torno de 100 bilhões por ano de cotas de emissão de GEE.

Nos países em desenvolvimento, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) permite a criação de créditos de carbono gerados por projetos "limpos". Dentre eles, as tecnologias para eficiência energética industrial e o uso de energias renováveis receberam bastante atenção durante os últimos cinco anos.

Mas, desde que estes mecanismos começaram a operar, uma série de crises os afetou. A crise financeira de 2009 fez com que a atividade industrial se reduzisse brutalmente, e com ela as emissões de GEE, levando a uma baixa de demanda e à queda de preços de créditos de carbono. A contração de empréstimos, associada a esta queda de preços, inibiu o desenvolvimento de novos projetos. Em paralelo, a busca por liquidez e investimentos de baixo risco refletiu-se na queda nas bolsas e das empresas listadas envolvidas com o mercado de carbono.

Enquanto isso, uma crise menos óbvia se desenrolava, resultado da burocracia criada para avaliação e registro de projetos de MDL por parte da ONU. Atrasos no processo de aprovação de projetos levaram a uma redução do volume de créditos de carbono da estimativa original de 4 bilhões para menos de 1 bilhão. Os resultados econômicos destes projetos foram prejudicados, desmoralizando o MDL como mecanismo financeiro capaz de promover investimento em tecnologias limpas. Tal ineficiência tem levado alguns países a repudiarem o MDL, criando uma dificuldade de atingir um acordo global para o clima.

Além disso, os governos de países industrializados priorizam a redução de orçamentos e o controle de déficits fiscais. No caso da Europa, a liberação de US$ 1 trilhão para apoiar os países mais endividados (Grécia, Portugal e Espanha) só exacerba o sentimento de que este é um momento de crise e austeridade.

Neste cenário, qual será o impacto em atividades relacionadas à redução de mudanças climáticas e controles ambientais? No curto prazo, é de se esperar que a crise se manifeste em um menor comprometimento dos países industrializados com a redução de emissões. Isto já se evidenciou no impasse que se deu na reunião do clima em Copenhagen, que não conseguiu chegar a um acordo global para o controle de emissões. Mas a ameaça climática é inquestionável, e a necessidade de combatê-la é um imperativo para qualquer país responsável. As metas de redução de emissões propostas para o futuro são muito mais radicais que as adotadas no presente. A última versão do projeto de lei sobre energia e mudanças climáticas a ser analisado pelo senado americano, por exemplo, tem metas de redução de 83% em 2050.

O futuro depende da introdução em larga escala de tecnologias verdes e energias renováveis. Neste contexto, o Brasil tem a possibilidade de se beneficiar desta tendência melhor do que qualquer outro país. Com uma matriz energética predominantemente hidrelétrica e grande potencial para adotar outras energias renováveis (eólica, bio-energética e solar, em particular), a nossa produção industrial terá uma vantagem comparativa com relação à daqueles países com menos acesso a estas fontes energéticas. Num momento em que há uma busca internacional por combustíveis limpos, nosso potencial de produção de biocombustíveis é imbatível. Ao mesmo tempo, a nossa capacidade de adotar o uso sustentável de nossas florestas e introduzir praticas agrícolas sustentáveis permitirá ao País se estabelecer como o "celeiro verde" e "pulmão" do planeta.