• Conheça nosso jeito de fazer contabilidade

    Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Vestibulum sit amet maximus nisl. Aliquam eu metus elit. Suspendisse euismod efficitur augue sit amet varius. Nam euismod consectetur dolor et pellentesque. Ut scelerisque auctor nisl ac lacinia. Sed dictum tincidunt nunc, et rhoncus elit

    Entenda como fazemos...

Notícia

Classes C, D e E pisam no freio

Disparada da inflação e juros em alta fazem a demanda por produtos básicos cair até 6%

Fonte: Correio Braziliense

A balconista Rosimeire Batista, 30 anos, pisou fundo no freio do consumo. Diante da disparada dos preços, dos juros em alta e das despesas maiores com transporte público, ela foi obrigada a cortar vários itens básicos que alimentam a família. O carrinho de supermercado já não ostenta a fartura de seis meses atrás. “Tive de apertar o cinco. Cortei da minha lista de compras vários produtos, desde os de limpeza até alimentos. Já não levo mais para casa sabão em pó. Arroz e feijão, só compro nas promoções”, disse. 

O sufoco de Rosimeire tornou-se rotina entra a população das classes D e E, com renda mensal de até quatro salários mínimos (R$ 2.180). Dados da Consultoria Kantar WorldPanel indicam que esse contigente de consumidores, que vinha engrossando a chamada classe média emergente, cortou 2% dos itens básicos adquiridos nos supermercados nos primeiros três meses do ano em relação ao mesmo período de 2010. Já a classe C, reforçada por mais de 30 milhões de pessoas nos últimos oito anos, diminuiu os gastos em 6%. Foi a primeira vez, desde 2005, que se viu recuo no consumo desse público.

Todos os meses, a balconista gasta pelo menos R$ 200 no supermercado, o que representa quase um terço de seu salário, de R$ 620. “Faz tempo que não sinto tanta dificuldade por causa dos preços. Meus filhos adoram carne vermelha, mas estou trocando por frango e ovos, que são mais baratos”, contou. Com a dona de casa Onélia José, 48 anos, a situação não é diferente. Para ela, era comum ir ao supermercado e encher o carrinho sem que isso apertasse o orçamento. Agora, porém, tudo o que ela consegue levar são itens básicos. “Antigamente, não dispensava iogurtes e doces. Hoje, só levo isso quando vou receber visitas”, afirmou.

Excessos
O entregador Clodoaldo da Silva, 40 anos, também já não sabe o que fazer para conseguir conciliar as despesas com o salário de R$ 560. “Achocolatado, biscoito, leite, tudo isso disparou. Se não prestarmos atenção, perdemos o controle”, alertou. Para tentar conciliar os gastos com os desejos da família, o entregador pesquisa bastante. “Se não fizermos isso, não conseguimos pagar as outras contas.”

Entre os analistas, a avaliação é de que o consumo das famílias, que vem sustentando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas as riquezas produzidas no país), ainda permanece robusto, mas já dá sinais de recuo. Nas suas projeções, os gastos dos lares brasileiros cresceram algo como 1% nos primeiros três meses do ano ante o último trimestre de 2010, quando se registrou salto de 2,5%. Para Rafael Bacciotti, analista da Consultoria Tendências, o segundo semestre deve ser ainda mais fraco. 

No entender de Zeina Latif, economista para a América Latina do Royal Bank of Scotland, com a inflação mais elevada, as famílias estão enxugando os excessos de gastos. Segundo Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, a acomodação do consumo ainda não está sendo suficiente para conter a escalada dos preços.

Confiança diminui
A otimismo do consumidor em relação à economia registrou queda pelo terceiro mês consecutivo e chegou ao mais baixo nível desde janeiro de 2010. Entre abril e maio, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), da Fundação Getulio Vargas, caiu 2,4%, passando de 118,2 para 115,4 pontos. “O brasileiro está mais cauteloso, menos otimista e pouco confiante em melhoras no orçamento doméstico e no mercado de trabalho”, explicou Aloísio Campelo, coordenador de Sondagens Conjunturais da FGV.