• Conheça nosso jeito de fazer contabilidade

    Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Vestibulum sit amet maximus nisl. Aliquam eu metus elit. Suspendisse euismod efficitur augue sit amet varius. Nam euismod consectetur dolor et pellentesque. Ut scelerisque auctor nisl ac lacinia. Sed dictum tincidunt nunc, et rhoncus elit

    Entenda como fazemos...

Notícia

Menos desemprego e mais renda

Taxa de desocupação no país caiu ao menor patamar desde 2002: 4,7% em dezembro

Autor: Marcio BeckFonte: Jornal O Globo

Omercado de trabalho brasileiro bateu todos os recordes em 2011. A taxa de desemprego de dezembro, divulgada ontem pelo IBGE, chegou a 4,7%, a menor desde que começou a série histórica da pesquisa, em março de 2002. A taxa média anual também foi a menor, 6%, frente a 6,7% de 2010, mesmo com o crescimento menor da economia no ano passado. O rendimento, apesar da inflação mais alta em 2011, teve ganho real de 2,7%, chegando ao seu maior nível: R$1.625,46. A parcela de empregados com carteira assinada também alcançou seu melhor patamar: 48,5% dos trabalhadores.

- São recordes que vêm acompanhados de aumento na qualidade do trabalho. Em um momento de recessão, pode até haver aumento da ocupação, mas costuma vir acompanhada de informalidade e redução nos rendimentos. Não é o caso - afirmou o gerente da pesquisa, Cimar Azeredo.

Mas há motivos de preocupação nos números da pesquisa. A queda da taxa de desemprego em dezembro foi totalmente puxada pela redução da procura por trabalho (que caracteriza o desempregado). Não houve aumento no número de ocupados, pelo contrário, esse contingente ficou 0,4% menor. E a crise na Europa espreita o mercado de trabalho. Essa incerteza faz analistas projetaram taxa média de desemprego este ano menor que 2011 (5,3%), igual (6%) e maior (6,4%).

- O número é muito bom, principalmente quando o desemprego vem subindo nos países desenvolvidos, mas é preocupante que o número de ocupados tenha sido menor que em novembro. Não é normal. É uma grande interrogação, talvez mostrando que a crise já esteja tendo algum efeito no mercado de trabalho - afirmou o economista Carlos Henrique Corseuil, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Pleno emprego ainda distante

Mesmo com os números positivos, analistas foram unânimes em afirmar que o país ainda não alcançou o pleno emprego. De acordo com o diretor-adjunto do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho da Unicamp, Anselmo Santos, somente um patamar de desemprego de 4% da força de trabalho poderia provocar pressões inflacionárias:

- Mas este seria ainda um cenário distante. O ganho de produtividade no ano passado vai compensar a alta do rendimento.

No ano, o número de desempregados caiu 10,4%, chegando a 1,6 milhão, o que representou menos 166 mil desocupados em um ano. A população ocupada subiu 2,1%, alcançando 22,7 milhões. A expansão, porém, ficou menor do que em 2010, quando esse universo de trabalhadores havido subido 3,5%.

- Os avanços são indiscutíveis, mas ainda há um grande contingente de pessoas desempregadas, à beira do subemprego ou trabalhando sem a proteção da carteira assinada - analisou Azeredo.

Santos, da Unicamp, diz que o fechamento de 2011 com desemprego abaixo de 5% foi surpreendente. Segundo ele, os dados mostram uma recuperação em relação à desaceleração da atividade econômica no terceiro trimestre. Santos acredita em redução da taxa neste ano:

- Temos muita chance de fechar abaixo de 6% este ano, considerando que o crescimento do PIB deve ser maior que o ano passado. A cada ano com crescimento do PIB em 3,5%, a taxa de desemprego pode recuar 0,7 ponto percentual. Desta forma, 2012 pode terminar em torno de 5,3%

Na análise do HSBC, os números apontam que o desemprego em 2012 pode ser abaixo do esperado, mas acima de 2011. O banco projeta taxa de 6,4% para o ano. O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Gonçalves, aposta no mesmo percentual:

- Com a desaceleração da atividade econômica, a taxa vai aumentar um pouco, embora com defasagem. As demissões não são feitas imediatamente depois da queda na atividade. É preciso que a queda seja percebida como duradoura. Vai tomar uns meses.

Por região, a menor taxa de desemprego ficou com Porto Alegre, de 4,6%. Mas foi a única região que não mostrou melhora no indicador. Já as regiões nordestinas, mesmo com taxas mais altas, conseguiram reduzir mais o desemprego. Em Recife, ela caiu de 8,7% para 6,5%. No Rio, a índice diminuiu de 5,6% para 5,2%.

Já as mulheres não conseguiram avançar no abismo de desigualdade frente ao salário dos homens. Elas continuam ganhando 28% menos que os homens, situação que se repete há três anos.

EUA têm taxa de 8,5%. No Coreia, 3%

Na comparação internacional, o Brasil se destaca, com um nível de desemprego bem inferior ao dos Estados Unidos (8,3%), da zona do Euro (10,3%) e até dos vizinhos Argentina (7,4%) e Chile (7,2%). Mas, na Coreia do Sul, a taxa é bem inferior: 3%.

Após deixar o emprego em 2009 para viajar, o designer Vinícius Marins Borges só voltou a ter carteira assinada em 2011. Ele conta que por dois meses procurou trabalho. Foi contratado, mas com salário abaixo do que ganhava.

- Apesar de ter conseguido relativamente rápido, senti alguma dificuldade. Não correria de novo o risco (de deixar o emprego).

A estudante de Direito Raíssa Barros, de 20 anos, começou a procurar o primeiro emprego em 2011. Em março, conseguiu trabalho como vendedora em uma loja de cosméticos, mas largou cinco meses depois. Voltou a procurar vaga no comércio, enquanto não começa o período de estágio na área. A taxa de desemprego dos jovens ainda mostra as fragilidades do mercado de trabalho brasileiro. A taxa para os têm entre 18 e 24 anos ficou em 13,4%, mais que o dobro da taxa média de 6%:

- Tentei em outubro, para as vagas temporárias de fim de ano, mas a concorrência é muito grande. Mandei currículo para uma agência que me arranjou duas entrevistas. Estou otimista. Não pode desanimar.

No emprego doméstico, a queda foi expressiva. Em 2010, ocupava 7,2% dos trabalhadores empregados, em 2011, baixou para 6,9%.