• Conheça nosso jeito de fazer contabilidade

    Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Vestibulum sit amet maximus nisl. Aliquam eu metus elit. Suspendisse euismod efficitur augue sit amet varius. Nam euismod consectetur dolor et pellentesque. Ut scelerisque auctor nisl ac lacinia. Sed dictum tincidunt nunc, et rhoncus elit

    Entenda como fazemos...

Notícia

Corporação 2020: Como transformar as empresas para o mundo de amanhã

“Contar a história da corporação é contar a de um grande negócio que deu errado.”

Autor: Julianna AntunesFonte: Administradores.comTags: empresariais

Hoje escreverei sobre um dos livros mais instigantes que li nos últimos anos: Corporação 2020 – Como transformar as empresas para o mundo de amanhã, do economista indiano Pavan Sukhdev. Pode parecer ousado (até porque as propostas são bem diferentes), mas diria que é quase que uma evolução do Canibais com garfo e faca, do John Elkington, que cunhou o termo triple bottom line.

É um livro desconcertante, mas ao mesmo tempo didático. Ele explica em que base nasceu e como se desenvolveu os princípios e valores empresariais dos últimos 100 anos, focando em legislação, lobby, finanças e publicidade. Logo na primeira frase do primeiro capítulo é possível ter noção do que será a leitura:

“Contar a história da corporação é contar a de um grande negócio que deu errado.”

O livro te dá uma visão sem floreios de como o capitalismo se fundamentou e o custo socioambiental disso. E isso embrulha o estômago. Embrulha, principalmente, por causa do lobby, o grande câncer desse século. Quando falo sobre o problema do lobby para a sustentabilidade, adoro citar o exemplo do “CEO do século”, Jack Welch, que enquanto pôde, lutou contra as agências reguladoras de meio ambiente. Pesquisem qual a menina dos olhos da GE hoje e o quanto ela fatura anualmente.

O livro fala bem sobre as crises. E fala dos ciclos de crise que estão cada vez menores. Se pensarmos 1997-2008, posso contar a da Ásia, a moratória da Argentina (ok, não foi global, mas deu uma ferrada no Brasil), crise da Rússia e crise de 2008. Em 11 anos foram três crises mundiais e uma que deu uma assustada aqui nos trópicos. Onze anos. Três crises e meio.

E por que será que as crises acontecem? As razões são as mais diversas, mas no final, a conta sempre recai sobre regulamentação governamental frouxa e ganhos do mercado financeiro sobrepondo ganhos de produção. Lembrando que regulamentação frouxa é fruto de lobby forte. E se olharmos pela ótica da sustentabilidade, dá ainda mais agonia de ver a lógica de como as coisas funcionam.

Se depender do mercado, não, a sustentabilidade não vai ter espaço além da eficiência operacional que ela gera atualmente. Não, os mercados não querem ser os responsáveis pelas externalidades causadas. É a máxima do capitalismo, de privatizar o lucro e socializar os prejuízos. Não, o mercado não quer regulamentar a propaganda porque ele simplesmente quer vender.

Mas ao mesmo tempo em que expõe o nosso fracasso como corporação 1920, o livro aponta para o que seria um modelo de corporação 2020. Uma corporação onde os recursos naturais são tributados, onde as alavancagens financeiras são limitadas, onde as externalidades são internalizadas, onde o modelo de publicidade é responsável...

Não, de forma alguma o livro é utópico. Pelo contrário, propõe situações, fundamentalmente necessárias e viáveis, mas faz dois alertas: a de que transformações importantes têm de começar nesta década e de que não existem soluções elegantes (no sentido de que a transparência está revolucionando os negócios e obrigando às empresas a tomarem decisões baseadas em valores ao invés de lucro e curto prazo).

O livro mostra, também, exemplos de algumas empresas que já caminham no sentido de serem corporações 2020. E é aqui que fica, em minha opinião, a bola fora, ao apontar a Natura como exemplo. Ao contrário das informações passadas ao autor, o sistema da Natura não permite às consultoras viverem exclusivamente da venda dos produtos. Então isso não é empregabilidade ou empoderamento de mulheres. É bico.

Por mais que exista legislação sobre o marketing direto, ele não dá garantia trabalhista, garantia de tempo de aposentadoria, garantia de licença em caso de problemas de saúde, férias e qualquer benefício minimamente digno a um trabalhador. Ilegal não, mas para uma corporação que se diz 2020 ou que queira ser 2020, é imoral.

Enfim, ainda há outras questões que fazem da Natura uma mera empresa 1920 como quase todas as empresas, mas isso é papo para outro post.

E finalizando, vale demais a leitura. Em minha opinião, o melhor livro de sustentabilidade corporativa nos últimos 14 anos, que deveria ser lido não só nos interessados pelo tema, mas também por profissionais de finanças, publicidade, marketing e administração.

Corporação 2020 – Como transformar as empresas para o mundo de amanhã

Autor: Pavan Sukhdev

Editora: Planeta Sustentável