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Notícia

Produção industrial no Brasil recua 0,5% em março com investimentos

Ambos os resultados foram melhores do que o esperado em pesquisa Reuters, cujas medianas apontavam queda de 2,45 por cento na base mensal e de 3,0 por cento na anual.

A produção industrial brasileira recuou 0,5 por cento em março, resultado melhor que o esperado mas que também mostrou que os investimentos perderam força no final do trimestre passado, mantendo a perspectiva de performance fraca no ano.

Sobre um ano antes, a produção industrial recuou 0,9 por cento em março, acumulando no primeiro trimestre do ano avanço de 0,4 por cento, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.

Ambos os resultados foram melhores do que o esperado em pesquisa Reuters, cujas medianas apontavam queda de 2,45 por cento na base mensal e de 3,0 por cento na anual.

A partir dessa divulgação, o indicador do IBGE foi aperfeiçoado, com mudanças nas ponderações e na cesta de produtos, o que levou a uma atualização da série histórica.

Para fevereiro, o resultado da produção passou a estável sobre o mês anterior, após alta 0,4 por cento informada anteriormente. O último mês em que houve queda mensal foi dezembro, de 3,4 por cento.

"A série é nova, com maior abrangência... A leitura da indústria continua a mesma: um setor que enfrenta barreiras para crescer devido ao endividamento das famílias, juros mais altos, maior presença de importados e maior comprometimento da renda", disse o economista do IBGE, Andre Macedo.

"Em resumo, as taxas mudam mas o norte da indústria se mantêm", acrescentou ele.

SINAL AMARELO

O desempenho de março do setor foi influenciado sobretudo pelo segmento de Bens de Capital, medida de investimento, com recuo de 3,6 por cento ante fevereiro e de 8,4 por cento sobre o ano anterior. Nos primeiros três meses do ano, o setor já tem queda de 0,9 por cento quando comparado com o igual período de 2013.

"Bens de capital começou a mostrar volatilidade forte e é um sinal amarelo porque antecipa investimentos. Começa a preocupar ver queda dessa magnitude e estar negativo no acumulado do ano é um sinal ainda pior", disse a economista do banco ABC Brasil Mariana Hauer.

Entre os ramos de atividade, o IBGE informou ainda que 14 dos 24 pesquisados tiveram queda mensal em março, com destaque para veículos automotores, reboques e carrocerias (-2,9 por cento) e máquinas e equipamentos (-5,3 por cento).

De acordo com Macedo, do IBGE, o setor de veículos automotores ainda sofre com estoques elevados, paradas e férias coletivas devido à demanda menor.

A indústria brasileira vem passando por momentos difíceis, com altos e baixos, sem demonstrar recuperação mais consistente e refletindo na confiança.

O Índice de Confiança da Indústria da Fundação Getulio Vargas (FGV) teve queda tanto em março quanto em abril. Já o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) aponta que a indústria voltou a encolher em abril, após quatro meses seguidos de expansão.

"O recente declínio da confiança empresarial, a queda no PMI para contração e os últimos acontecimentos na Argentina ampliam os riscos para um cenário já sem brilho à produção industrial em 2014", avaliou em nota o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos, lembrando os problemas de contração da atividade e restrições à importação no país vizinho.

Em 2013, segundo os dados revisados pelo IBGE, a indústria cresceu 2,3 por cento, ante 1,2 por cento divulgado anteriormente.

Na última pesquisa Focus do Banco Central, da semana passada, a expectativa de economistas é que a indústria tenha expansão de 1,21 por cento em 2014, abaixo da economia como um todo para o período, com crescimento de 1,63 por cento.

(Reportagem adicional de Felipe Pontes no Rio de Janeiro)