• Conheça nosso jeito de fazer contabilidade

    Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Vestibulum sit amet maximus nisl. Aliquam eu metus elit. Suspendisse euismod efficitur augue sit amet varius. Nam euismod consectetur dolor et pellentesque. Ut scelerisque auctor nisl ac lacinia. Sed dictum tincidunt nunc, et rhoncus elit

    Entenda como fazemos...

Notícia

Coragem para empreender e deixar a carteira assinada

Equilibrar a vida de trabalhador com carteira assinada e empresário é um desafio frequente nos primeiros anos de quem decide montar um negócio próprio. Especialistas afirmam que é preciso deixar a zona de conforto para a empresa decolar

Há pouco tempo, os pais diziam aos filhos que era preciso estudar para conseguir um bom emprego ou passar em um concurso público. A opção de abrir uma empresa era arriscada demais e não funcionava no Brasil. Hoje, é comum a insatisfação com o trabalho e a vontade de abrir o próprio negócio.

É assim que o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Fabiano Simões Coelho explica porque tantos brasileiros têm encarado uma vida dupla entre emprego fixo e negócio próprio. É uma época de transição, em que o empreendedorismo começa a ser visto como única opção profissional. 

Para o especialista, decidir abrir um negócio, mas manter o emprego pode significar medo de sair da zona de conforto. O risco é de a empresa demorar muito para engrenar. Coelho afirma que no primeiro ano é fundamental estar presente no dia a dia da empresa, aprendendo todos os processos.

Da sala de casa para a televisão

O empresário Tiago Durante, da Liverpool Camisetas, é um exemplo de quem conseguiu segurar a onda entre trabalho e negócio. Formado em Publicidade e exerceu por seis anos a função de assessor de imprensa. Na época, havia decidido criar uma marca e entendeu a importância da presença na mídia para o crescimento do negócio.

— No começo, ficava na sala de casa embalando camisetas e ao mesmo tempo vendo apresentadores da MTV vestindo minha marca — conta. 

Durante decidiu gerenciar uma loja de roupas em São Paulo — trabalhava de segunda a sábado na loja e viajava no fim de semana para Santa Catarina. O esforço valeu a pena – nos primeiros cinco anos, a marca cresceu 100%. Hoje está presente em 150 pontos de venda no Brasil.

 "É preciso dedicação total"

Joel Fernandes, Analista do Sebrae-SC

Diário Catarinense — Em que casos é positivo tocar uma empresa mantendo o emprego fixo e quando esta dupla jornada pode ser prejudicial para os negócios?
Joel Fernandes — Quando o empreendedor ainda não levantou o capital suficiente para abrir um negócio com certa robustez, ou se ele ainda não tem clareza de que quer empreender naquele tipo de atividade, então é conveniente que experimente abrir um negócio e que ainda assim mantenha o seu emprego. Normalmente, os casos em que essa dupla atividade melhor funciona são aqueles em que a pessoa começa um negócio a partir de um hobby. E se o negócio for dando certo, os amigos forem pedindo mais, ela vai aprendendo nesse processo, ganhando experiência. Mas, para um negócio ser a principal fonte de renda da pessoa, é preciso dedicação total. Acompanhamos o caso de um cliente que abriu uma clínica de pilates, manteve o emprego, e deixou o negócio para outras pessoas tocarem. Não deu certo. É ruim ele não ser o principal executivo da empresa e se manter distante do dia a dia do negócio.

Diário Catarinense — E quando o empreendedor se mantém no emprego fixo, mas tem certeza de que o negócio que está experimentando é o que quer para a vida? Qual é o melhor momento para deixar o trabalho?
Fernandes — É quando ele percebe que vai faturar mais do que no emprego se dedicando integralmente ao negócio. Ele percebeu que se dedicar mais tempo, energia e capital para o negócio, a empresa pode dar certo. É preciso destacar que a maioria das pessoas, quando começam como microempreendedores, não se dão conta de que abrir um negócio depende de dinheiro. Porque senão ela está pensando como um trabalhador, enxergando o empreendimento como um substituto do trabalho. E um empreendimento deve ser o retorno de um capital investido. Olhando como investidor, a perspectiva é diferente. Por exemplo, você conseguiria imaginar o presidente da Sadia trabalhando em um negócio paralelo? Então por que para uma empresa pequena isso seria certo? A jornada dupla só é viável quando o que você quer fazer, pode ser feito devagar, como um hobby, uma experimentação. 

Diário Catarinense — Mas muita gente continua no emprego justamente porque não tem dinheiro para investir e muitas vezes nem para pagar os próprios gastos sem o salário...
Fernandes — Neste tempo em que você está transformando um hobby em negócio e também trabalhando em outro lugar, pode ir acumulando reserva financeira, bem como se capacitando na administração da empresa. Daí então dá para pensar a empresa como investimento. Este dinheiro que você juntou deve ser o suficiente para entrar no mercado, formar capital de giro para os próximos seis a nove meses e garantir o seu pró-labore como executivo, que é o salário do dono da empresa. Quando você fizer o plano de negócio, precisa colocar na estrutura de custo o seu pró-labore.

Diário Catarinense — O profissional deve contar no trabalho que está abrindo um negócio próprio?
Fernandes — Isso sempre depende da empresa onde você está. Se ela valoriza a atividade empreendedora, gosta de ter como funcionários pessoas com iniciativa, então verá o seu negócio próprio com bons olhos. Mas se ela for conservadora e exigir dedicação 200% de seus colaboradores, a saída é dizer que você tem um negócio, que considera um hobby. De qualquer maneira, não dá para mentir, até porque a sua atividade vai aparecer espontaneamente no trabalho.