• Conheça nosso jeito de fazer contabilidade

    Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Vestibulum sit amet maximus nisl. Aliquam eu metus elit. Suspendisse euismod efficitur augue sit amet varius. Nam euismod consectetur dolor et pellentesque. Ut scelerisque auctor nisl ac lacinia. Sed dictum tincidunt nunc, et rhoncus elit

    Entenda como fazemos...

Notícia

É preciso um setor de RH na empresa para fazer uma demissão?

Uma demissão mal conduzida pode impactar na saúde de um funcionário e exige cautela; veja como empresas com e sem RH conduzem processo

Em março deste ano, o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) divulgaram um dado alarmante. Segundo a pesquisa, “Impactos do Desemprego: saúde, relacionamentos e estado emocional”, 59% dos entrevistados se mostraram deprimidos ou desanimados em decorrência da demissão do emprego.

"A demissão está psicologicamente associada a dois dos maiores medos que as pessoas têm, que é o fracasso e a rejeição"

Não há dúvidas de que o momento de desligar um funcionário da empresa é delicado, e de acordo com o CEO da Lens & Minarelli, José Augusto Minarelli, os números citados acima refletem o despreparo das empresas em conduzir tanto as carreiras quanto o pós-carreira de seus colaboradores, uma vez que muitos empregadores não entendem a demissão como parte de um processo, que na verdade, tem início na contratação do colaborador.

“Se todo o caminho for bem construído e estruturado, a exoneração será só mais uma etapa, gerando menos desconforto, ansiedade ou depressão. Principalmente, quando a empregadora se preocupa em auxiliar o ex-funcionário a se recolocar”, finaliza.

Mas como conduzir corretamente o desligamento? A consultora de Recursos Humanos (RH), Rosana Marques, aponta que o primeiro passo para realizar um desligamento adequado é ser educado e cordial com o funcionário. Isso, por si só, já proporciona um clima de tranquilidade no ambiente.

“Vá direito ao ponto, diga: Fulano, essa reunião é para lhe dizer que hoje nós estamos encerrando a parceria de tantos anos – ou meses”, exemplifica. Além disso, a consultora avalia que manter a segurança e a mente serena nesse momento, faz com que o funcionário perceba que está em um processo comum e que faz parte da carreira.

E é curiosa essa afirmação da especialista, porque o desligamento, como ela mesma afirmou, está psicologicamente associada a dois dos maiores medos que as pessoas têm, que é o fracasso e a rejeição. “Por isso, é um processo bem delicado e os impactos podem ser maiores do que se imagina”.

Rosana Marques também orienta que se deve explicar tudo o que aconteceu ao colaborador, mas de forma breve, sem se estender a uma discussão de relação. Este é o momento de agradecer pelo trabalho oferecido.

E sobre o que não fazer. A especialista diz que não se pode tentar compensar uma coisa com outra, e também lembra que nunca se deve pedir desculpas ou elogiar em excesso, pois a demissão é um momento em que muitas emoções podem estar misturadas.

Tanto Miranelli quanto Rosana compartilham da opinião de que o desligamento deve ser conduzido de forma precisa para evitar consequências negativas, que podem até mesmo abalar a saúde mental de uma pessoa.

Isso significa a necessidade de um setor de RH nas empresas?

Na opinião do CEO e diretor executivo da Ledware, Mário Sardinha Giovanni, por ser uma empresa de pequeno porte, a mesma não necessita de um setor de RH robusto. Além disso, Giovanni avalia que a inexistência do setor acarreta em uma comunicação mais transparente e de relacionamentos mais próximos com cada pessoa e área da empresa.

Somente quando há funções mais específicas como um coaching de funcionário, análise comportamental e pesquisa de clima que a Ledware conta com uma consultoria terceirizada de RH.

A gerente de RH do Grupo PLL – empresa especializada em assistência técnica e reparo de celulares, Juliana Ornellas, não compartilha da opinião de Giovanni. A especialista acredita que apenas o setor de RH é capaz de estabelecer normas e procedimentos – para admissão e desligamento, por exemplo – o que faz com que todo o processo seja feito de forma padronizada. “O RH acompanha o colaborador do início ao fim do período de trabalho, possibilitando um diagnóstico mais amplo”, relata.

Mas e a demissão?

Juliana não nega que o momento envolve uma série de sentimentos negativos, e que pode devastar a autoestima de alguém. A Universidade de East Anglia e a organização londrina What Works Center for Wellbeing constataram que, quando demitidas, as pessoas têm uma percepção similar ao de um rompimento amoroso. Segundo a pesquisa, ao terminar um relacionamento, os indicadores de saúde mental e autoestima levam de dois a quatro anos para voltarem ao normal, mas, em casos de demissão, a queda desses fatores leva mais tempo para apresentarem melhora. Mas como a PLL conduz o processo?

A gerente de RH aponta que nesse instante, a maior preocupação do setor é em relação à discrição da informação do desligamento, com o ambiente e a forma como a notícia será dada, e por fim a entrevista de desligamento, em que a empresa deve identificar os seus pontos fracos para criar, a partir dessas informações, estratégias de melhoria.

“Em alguns casos, oferecemos avaliação curricular para que a pessoa possa procurar um novo emprego com um currículo adequado e recolocar esse profissional no mercado de trabalho”, diz Juliana Ornellas. A atitude é vista com bons olhos pela consultora de RH, Rosana Marques, que relembra o fato de que algumas demissões podem ocasionar no surgimento de sintomas como desânimo, insegurança, raiva, impaciência e até mesmo crise do pânico.

Como a empresa de Mário Sardinha Giovanni não conta com um setor de RH, o CEO diz que o momento do desligamento se torna menos tenso quando há uma política de transparência na comunicação. Se a empregadora oferece constantemente feedbacks e formas de auxílio, como a sua empresa faz, o momento do desligamento não é complexo, visto que o funcionário já espera por isso. “No momento que comunicamos a saída, apresentamos os feedbacks e mostramos de forma clara a razão do desligamento”.

O feedback da Ledware acontece a cada três meses e individualmente. Giovanni diz que cada reunião individual é baseada na análise do funcionário e do seu respectivo setor no período.

A política de fazer retorno das produções e condução da empresa também faz parte da fábrica de software – Tecvidya, em que Rafael Multedo é CEO. Ele acredita que o feedback possibilita que a empresa tenha boas condições de trabalho e fomenta uma cultura de compartilhamento do sucesso. Multedo diz que a ideia da companhia não é ter colaboradores no modelo tradicional, e sim parceiros – como as empresas terceirizadas de RH – com voz ativa, fato esse que contribui para uma criação colaborativa.

E durante?

Bom, mas não basta a empresa ter um cuidado especial com o funcionário apenas no momento do desligamento. De acordo com a consultora de Recursos humanos Rosana Marques, esse é um ponto complexo, pois o bem estar do funcionário na empresa está ligado a vários fatores além do bom clima e das organizações políticas de benefícios, dentre eles o desenvolvimento técnico e comportamental.

E uma das empresas que faz essa mensuração é a Ledware. O CEO conta que se ele identifica uma queda da produção do funcionário devido a faltas ou mudança de comportamento, a reunião de feedback é adiantada. “Temos também uma pessoa que funciona como um psicólogo interno para ouvir os colaboradores, para aconselhar e ajudar no que puder”. O executivo diz que caso a empresa detecte um problema interpessoal sério acontecendo com o funcionário, a Ledware passa por cima disso.

Um dos casos que Giovanni relembra é o do adiamento da demissão de uma auxiliar de limpeza que estava com a carta de demissão pronta, mas que durante o processo apresentou problemas de saúde, fazendo com que a empresa prorrogasse a decisão por seis meses.